Deito-me sobre a almofada, ouço a chuva cair, onde o céu é iluminado, onde espreitam raios de luz por entre a janela do meu quarto, tentando proteger o que na verdade quero sentir ou pensar. Sei bem quem sou, sei bem o que sou, escondes a voz por entre caminhos que disseste ser nossos, na verdade nosso não temos nada, a não ser momentos que agora são parte de um passado.
E então adormeço por horas, por momentos, onde o pensamento é vago, escuro e desordenado, ofuscando imagens, momentos que aconteceram e que poderiam ter acontecido, na verdade esqueço o que realmente me fez adormecer, mas volto a abrir os olhos, sinto os meus lábios secos e continuas sem estar ao meu lado, eu queria poder te odiar, poder vaguear e acordar deste maldito pesadelo em que me colocaste, onde eu me coloquei...
Apenas disseste ser diferente e agora apenas me restam lágrimas para recordar e conseguir abrir aquele livro cheio de memórias e lutas travadas numa história que na verdade apenas a mim me pertencia, não lutaste, apenas fugias a cada problema, apenas fingias acreditar em algo que destruíste, magoando cada gesto, cada forma de ser e estar. Não queria crescer desta forma, não queria ter esta imagem tua e recordar tudo o que passámos mas... como me disseste "Amar não é tudo" (justificação para que o livro tivesse fim, para que a história num nós, ficasse apertada num nó, cravada numa noz, um fim).
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